terça-feira, 23 de março de 2010

Série Metal Gods: Bathory (continuação)

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A primeira fase Viking

Em 1988 o Bathory lança Blood Fire Death, que é o álbum de transição entre as duas “eras” nas quais divide-se a discografia da banda (duas maiores eras, pois, uma análise com mais atenção permite notar que há mais fases distintas, como a Thrash, e a segunda fase Viking, das quais ainda falaremos). Basicamente, é um álbum de puro Thrash Metal, deixando de lado a sonoridade sombria dos álbuns antecendentes (principalmente do último, como já foi dito), e partindo para a pancadaria pura, com riffs cortantes, bateria velocíssima e vocais totalmente agressivos; essa sonoridade adotada pela banda em BFD lembra, a meus ouvidos, em alguns momentos, o Slayer.

Mas, a descrição acima se refere apenas ao recheio do disco, ou seja, apenas às faixas 3 a 7; pois as faixas nº 1, 2 e 8 merecem um parágrafo à parte:

Quando se diz que Blood Fire Death foi a pedra fundamental da chamada era Viking do Bathory, não é por causa do álbum inteiro, e sim por causa das músicas A Fine Day To Die e Blood Fire Death, que, respectivamente, começam e terminam o disco. Estas duas músicas são verdadeiras obras primas do Metal: composições longas (a primeira com 8 minutos, e a segunda passando dos 10), absurdamente épicas (você que pensa que Rhapsody é épico, ainda não viu nada), com letras tratando de batalhas sangrentas, alcançando um feeling poucas vezes igualado, por mais que muitas bandas tentem.

Não vou ficar falando aqui sobre essas duas músicas, só digo que são um dos melhores momentos do Heavy Metal, principalmente Blood Fire Death, que está no meu “top 10” de sempre; algo no nível de Hallowed Be Thy Name, Master Of Puppets, Heaven And Hell, e outros hinos do gênero. Sim, é tudo isso mesmo! Quanto a A Fine Day To Die, destaco o momento de passagem entre a intro e a música, começando com o violão, simplesmente mágico...


Após dois anos (1990), é lançado Hammerheart, que foi o disco que consolidou a nova sonoridade da banda...

O que se ouve em Hammerheart são músicas que transpõem todo o “clima” e a cultura Viking, de forma muitíssimo bem sucedida, e, é importante destacar, sem o uso de qualquer instrumento medieval, como muitas bandas de hoje em dia fazem, apenas uma banda de Heavy Metal, com instrumentos básicos de Heavy Metal, ocasionalmente acompanhados de um violão, e nada mais. Também nota-se que Quorthon abandonou totalmente o estilo antigo de cantar, cantando de uma forma mais limpa, sem o vocal rasgado de antes. Sejamos sinceros, a voz limpa do mestre nunca foi “aquelas coisas”, rsrs, mas ele sempre cantou com muita emoção, o que torna sua performance, se não técnica, pelo menos honesta.

Resumindo, Hammerheart é um dos momentos definitivos da carreira da banda, suas músicas, apesar de serem bem pesadas, passam uma sensação de calma e de contemplação, e suas letras são muito bem escritas, contando sobre a vida dos vikings, tanto nas batalhas (como na fantástica Shores In Flames), na morte (na “oração” Song To Hall Up High), na chegada dos cristãos à Escandinávia (One Rode To Asa Bay) e até mesmo sobre como os vikings eram educados por seus pais (From Father To Son). Também é desse álbum o único videoclipe feito pelo Bathory, da música One Rode To Asa Bay.

Apenas um ano depois veio Twilight Of The Gods, que basicamente segue o estilo de Hammerheart, porém com uma veia mais melódica, com a maioria das músicas começando no violão (sempre muitíssimo bem tocado pelo mestre), e com letras que continuam no tema Viking, porém dessa vez Quorthon utilizou o tema para tratar de assuntos mais atuais, aproveitando a mitologia nórdica como metáfora para coisas do cotidiano, inclusive a faixa título, que fala até mesmo sobre pastores de televisão (TV preachers), usando a história sobre o fim do mundo (Crepúsculo dos Deuses) pra falar sobre como o mundo atual está “fodido”.

Se Hammerheart já teve um clima bem calmo e reflexivo, TOTG se aprofundou ainda mais nessa linha, é um ótimo álbum, porém não é pra se ouvir a qualquer momento...

Particularmente, prefiro o Hammer. Ainda sobre Twilight, este era pra ter sido o último álbum da banda, porém Quorthon acabou desistindo da idéia (felizmente, porque ele ainda tinha muita bala na agulha, como veremos).



A fase Thrash

Após uma parada de 3 anos, o Bathory voltou totalmente diferente, apresentando uma forte ruptura com a sonoridade dos últimos álbuns, abandonando os vikings e tocando Thrash Metal...

Sobre essa época não há muita coisa pra se dizer, pois os dois álbuns que vieram (Requiem e Octagon) são considerados de forma unânime os piores da banda; não que Quorthon não soubesse tocar Thrash, (Blood Fire Death, nas músicas “do meio” é um puta disco de Thrashão), mas dessa vez ele não estava muito inspirado...




A segunda fase Viking





Depois de dois anos foi lançado Blood On Ice, que tinha sido composto pra ser lançado após Blood Fire Death, mas Quorthon achou que seria uma ruptura muito grande com o som que a banda tocava até então, por isso as gravações foram guardadas; em 1996 ele retomou o projeto, refez algumas partes, e lançou sob o nome de Blood On Ice; que veio a ser o primeiro de mais um novo estilo do Bathory, que eu chamo de segunda fase Viking.

Agora o som não era nada parecido com o da época de Hammerheart e Twilight Of The Gods, e sim algo que parece bastante com Power/Folk Metal, na mesma linha do som que atualmente é tocado pelas bandas de Viking Metal...

Uma coisa é verdade, se esse álbum tivesse sido lançado em 1988 (quando foi gravado), teria sido tão, ou mais, inovador do que Hammerheart foi; aliás, mesmo em 1996 ele era totalmente de vanguarda.

Resumindo, é um grande álbum, apesar de ter uma das piores produções da carreira da banda...

Após isso a banda deu uma nova parada, voltando apenas em 2001, com Destroyer Of Worlds, que traz músicas que seguem o estilo de Octagon e Requiem, e músicas no estilo Viking; no geral, não foi um disco muito bom, não pros padrões Bathory.




Então, em 2002 foi lançado Nordland I, que vai foi uma evolução do som apresentado em Blood On Ice, com mais toques Folk (como na belíssima balada Ring Of Gold), e também mais toques Power Metal (como em Broken Sword). Eu acho que é o melhor álbum da segunda fase Viking, e um dos que ouço com mais freqüência (atrás só de Blood Fire Death e Hammerheart).

Não vale nem a pena ficar falando das músicas individualmente, o disco inteiro é uma grande obra de Heavy Metal !

Apenas um ano depois, veio a continuação, Nordland II, que começa exatamente onde a parte 1 parou, sem qualquer mudança de estilo (os dois são os álbuns que mais se parecem em toda a discografia da banda), como se fosse tudo uma coisa só, foi um disco muito bom, apesar de inferior à 1ª parte (na minha opinião), e, infelizmente foi o último da gloriosa carreira do Bathory e de Quorthon.




O fim do Bathory


No dia 3 de junho de 2004 veio a triste notícia: Quorthon, então com 38 anos, foi encontrado morto em seu apartamento, vítima de ataque cardíaco... ele tinha problemas no coração e vinha fazendo tratamentos, mas infelizmente o bravo guerreiro tombou, e foi pra Valhalla ainda jovem, deixando muitos fãs (inclusive gente famosa, que se manifestou sobre a morte dele) desolados...

Dizem que ele já estava compondo a 3ª parte da saga Nordland, o que prova que ele ainda tinha muita lenha pra queimar, mas essas novas músicas morreram e foram enterradas junto com ele... o Bathory nunca mais vai lançar nada...

Talvez muita gente nem saiba, mas no dia 3 de junho o Metal perdeu um de seus maiores homens!

Mas o legado musical deixado por ele NUNCA VAI SER ESQUECIDO!




HAIL TOMAS ‘QUORTHON’ FORSBERG!
* 17/02/1966, + 03/06/2004

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